Para Angel
Esse poema é para você, que foi meu anjo, e que ainda é.
CANTO I
.
Você foi um anjo
que me tirou da lama da desesperança
e me alçou aos céus dos sonhadores.
.
E você,
me chamava de anjo —
logo eu, mero e simples mortal.
.
Sonhei com a felicidade,
com o futuro
onde nós dois andávamos de mãos dadas
e fazíamos as coisas simples da vida,
em companhia,
em amor.
.
Você dizia que via nós no futuro:
as mesmas mãos dadas,
as mesmas coisas simples.
.
Você não foi apenas um anjo.
Foi a luz de um farol
a iluminar-me numa noite
de tempestade,
de dores,
de desilusões.
.
Você foi meu porto seguro,
lugar onde pude ancorar meu coração —
um velho e pequeno sloop de guerra,
estilhaçado pelas batalhas nos mares dos falsos amores.
.
E assim, por meses, ancorado fiquei
no estaleiro do teu abraço;
sem tempestades,
apenas vendo o céu de estrelas que teus olhos me mostravam.
Sem batalhas,
sem balas de canhões a me perfurar,
apenas teu sorriso a me encantar,
as tuas mãos a me afagar,
e os teus carinhos a me fazer sonhar,
e a acreditar…
no amor.
—
CANTO II
.
Hoje, o sonho se foi.
A felicidade transformou-se em tristeza.
As mãos que antes desejavam encontrar as tuas
agora enxugam as lágrimas do sofrimento.
As coisas simples da vida
tornaram-se caos na alma —
agora sozinha,
e em dor.
.
Onde está aquele futuro que você dizia ver?
Onde estão as mãos dadas que dizia desejar?
Onde está a vida simples — a companhia, o amor —
que tu tanto disseste sentir?
.
A luz do farol que um dia me iluminou apagou-se.
Agora estou perdido,
sem rumo,
de volta a sentir a tempestade do desespero,
as ondas das desilusões,
os ventos das dores do amor.
.
O porto seguro
onde um dia eu pude ancorar meu pobre coração,
aquele velho e sofrido sloop de guerra,
agora jaz estilhaçado,
afundando no mar aberto do abandono;
onde não há mais amor,
nem esperança,
nem vida.
*
Agora não há mais âncora.
O estaleiro do teu abraço
transformou-se num sufocar nas águas profundas e vazias da solidão.
Não há tempestades aqui.
Nem as estrelas que um dia teus olhos me mostraram.
Nem teu sorriso.
Nem tuas mãos.
Nem teus carinhos.
Nem o amor.
Há apenas a solidão,
e a dor.
.
Estes versos escrevi para você,
que um dia foi meu anjo —
meu anjo de luz,
meu anjo da guarda,
meu anjo da vida.
.
Hoje você ainda é o meu anjo.
Só que não mais o da vida…
o da morte.
Erick Fernando Ferrari,
14 de setembro de 2025.


Esse final plot twist eu realmente não estava esperando. Muito bonito.